Conversando com 85 diretores e gerentes de Marketing e Dados de grandes empresas brasileiras dos setores de serviços, produtos e tecnologia. O resultado foi um diagnóstico sobre os tipos de reações, mudança de way of working e implicações do uso de dados na tomada de decisão estratégica no cenário impactado pela pandemia do Coronavírus.
Buscando entender o uso de dados na reação à crise da Covid-19, a Ilumeo conversou com quase uma centena de gestores de grandes empresas. Neste post vamos resumir alguns dos principais aprendizados, mas você pode fazer o download completo do material, clicando aqui.
Este relatório cria uma frente de informação de benchmark para as empresas entenderem o que os seus pares estão fazendo na prática – para além do que sai nas manchetes. Abaixo estão consolidadas as principais percepções do estudo divididas em três nichos: marca e mídia; produtos e vendas; estratégia de dados.
Marca e Mídia
Com todas as mudanças causadas pela pandemia de Covid-19, o foco das empresas brasileiras está em performance. Investimentos em inovação e branding foram reduzidos e a chave está em ações que trazem retorno direto em receita. As redes sociais e mídias digitais estão com tudo, inclusive houve um aumento nos valores dos anúncios por conta da alta procura. Investimentos em TV aberta, rádio e Out-of-Home foram cancelados ou reduzidos. As lives estão empolgando com sua audiência, mas ainda não se tem consenso sobre o que isso significa exatamente.
O mindset é de agilidade, simplicidade e atenção. As decisões são tomadas mais rápidas, campanhas são publicadas com menos produção, pois o importante é ter clareza do que comunicar e não perder o timing em impactar as pessoas. As análises dos gestores estão com níveis de detalhe maiores do que antes, com olhar quase diário para resultados, produtividade, insights, etc.. E a atenção com o conteúdo e tom de voz também está alto, para ser informativo e agregar valor de forma que não soe oportunista.
Os olhares agora estão voltados para como impactar a audiência neste novo cenário – sem grandes eventos presenciais, por exemplo. Unir a diferenciação e relevância da marca com boas estratégias de distribuição e preço para conseguir mensurar melhor o ROI e criar um planejamento em período tão instável. Fazer brand tracking semanal ou quinzenal utilizando meios de coleta online e não mais semestral ou anual. Integrar a mensuração ao Marketing Mix Modelling para medir brand equity e performance em vendas.
Produtos e vendas
O foco está no cliente atual. É mais caro trazer um cliente novo do que fazer um upsell na base atual, criando novos serviços ou funcionalidades e adaptando a entrega já existente. O estudo mostra que planos e ofertas exclusivas para o período de quarentena se mostraram assertivos para manter clientes e reduzir a inadimplência e a evasão.
Aqui também há um cuidado das organizações para não soarem oportunistas com lançamento de novos produtos, por exemplo, com o mote a situação atual. Alguns casos mostram que criar um produto de combate, com ticket médio reduzido e menos features, é positivo. Porém, criar uma peça de roupa conectada ao contexto atual e com ticket mais elevado pode ter reações negativas.
Há muito conteúdo falando sobre o “novo normal”. É preciso tomar cuidado, porque ninguém consegue prever com exatidão o que realmente vai acontecer. O caminho sugerido é olhar para o comportamento das pessoas e se moldar a ele, otimizando os processos que já eram feitos internamente a fim de melhorar a produtividade, como buscar métodos de otimização de call center, de páginas do site e de todos os aspectos presentes na jornada de compra do consumidor.
A sacada contida aqui não é apostar em grandes projetos novos e em longo prazo, mas cuidar do dia-a-dia. Nesse contexto, desenvolver projetos de Data Science com foco na melhora da operação pode ajudar.
Data Strategy
A maioria das empresas não refez metas ou projeções. A incerteza relativa à pandemia é o principal ponto de dificuldade para planejar, mas algo importante que apareceu no estudo é a falta de capacidade de ter um framework e modelos estatísticos para pensar estrategicamente. É um consenso que as metas traçadas para o ano serão impossíveis de serem batidas e o pensamento é em repensar as avaliações de resultados e bônus dos times.
Outra questão é que os algoritmos não foram modificados até agora, embora em médio prazo isso seja inevitável, pois são desenvolvidos em cima de variáveis demográficas e de comportamento. O que mudou foi a forma das equipes atuarem em cima dos algoritmos. Por exemplo: antecipando a evasão de clientes. Se antes um modelo de predição de churn precisava indicar um score de 90 pontos para se fazer uma abordagem oferecendo um downgrade, agora esse sinal é disparado aos 70 pontos.
Na pesquisa, os gestores indicaram que a área da inteligência das empresas precisou avançar muito, captando informações globais e não somente nacionais. Outro ponto foi melhorar a análise do contexto e a distribuição para a empresa. Há uma avalanche de informações que chegam, mas inteligência precisa fazer um esforço maior para organizar isso de forma estruturada e assertiva para transmitir o conhecimento aos setores certos e não bombardear de informações que não serão utilizadas.
Talentos
Outra percepção interessante levantada no estudo foi relacionada aos profissionais de Data Science. É um paradoxo, porque há gente sendo demitida, mas a percepção é que faltam talentos na área. As pessoas que são muito boas em dados estão permanecendo nas empresas, mas com o Home Office se tornando padrão é possível trabalhar para qualquer empresa no mundo e com a cotação do dólar em alta os profissionais podem ser empregados por empresas estrangeiras. Ou seja, a procura por talentos de dados está em alta, mais do que antes, e as empresas precisam criar formas de identifica-los, atraí-los e retê-los.
Para conferir o Estudo de Marketing de Crise da Ilumeo, acesse aqui.