Seja em startups já criadas voltadas à inovação ou em empresas tradicionais centenárias, a utilização correta de dados e inteligência artificial pode alavancar o crescimento incorporado ao modelo de negócio de forma estratégica.
Sabemos que gigantes da tecnologia investem pesado em Inteligência Artificial para extrair o máximo poder dos dados disponíveis. Mas como as startups emergentes podem crescer e encontrar seu lugar de destaque alavancadas pela IA? O fato é que sempre haverá espaço no mercado para startups com pensamento e movimento rápidos encontrarem um nicho onde serão melhores que os players já estabelecidos e a adoção de IA pode acelerar essa tração e ser um diferencial nesta jornada.
No início de 2021, a empresa de análise de tecnologia CB Insights publicou uma atualização sobre o status de sua lista das 100 principais startups de IA de 2020. Uma análise mais detalhada fornece algumas dicas sobre o que é necessário para criar um negócio de sucesso que use IA. Aqui, vale a ressalva: não são empresas de IA, que vendem IA para outras empresas ou algo do gênero. São startups de diversos segmentos que utilizam IA no seu core business e se destacam por isso. E desde já é importante destacar para começo de conversa é que a Inteligência Artificial é uma pequena parte de uma estratégia de gerenciamento de produto bem-sucedida.
O caso da Lemonade
Em uma análise de Ben Dickson, engenheiro de software e fundador do TechTalks, destaca-se uma startup chamada Lemonade, insurtech – do ramo de seguros – fundada em 2015 e que fez sua oferta pública inicial em julho de 2020 com uma avaliação de US$ 1,7 bilhão. Seu produto é uma plataforma online que visa abordar alguns dos principais problemas do setor de seguros residenciais tradicionais. O processo de compra de seguro e ação de sinistro com aplicativo e site passa por assistentes digitais e é muito mais rápido do que as seguradoras tradicionais. A empresa cobra uma taxa fixa dos prêmios, o que significa que não obtém lucro negando sinistros. Em suas próprias palavras, a missão da empresa é “transformar o seguro de um mal necessário em um bem social”. O dinheiro não reclamado vai para instituições de caridade de escolha dos usuários. A empresa também diz que não investe prêmios em indústrias altamente poluentes e empresas que causam danos.
Com toda a experiência sendo digitalizada, uma grande quantidade de dados é coletada a cada interação com o cliente, criando modelos de aprendizado de máquinaque preveem o risco de seguro com precisão crescente ao longo do tempo e possibilitam níveis de automação e personalização que antes não eram possíveis. Há ainda dois chatbots de IA: a Maya, que ajuda a criar um plano de seguro personalizado em poucos minutos, e o Jim, que cuida do processo de sinistros. A Lemonade alega que a IA lida com um terço dos casos e paga os sinistros em questão de minutos. O restante das reivindicações é transferido para agentes humanos.
A vantagem da Lemonade é sua maior proteção, criando um fosso de proteção contra as seguradoras tradicionais, que demoram muito mais para entrar em novas áreas. Quando eles criarem suas próprias fábricas de IA, a Lemonade terá conquistado um nicho confortável para si mesma.
Os dados impulsionam qualquer negócio
Aqui no blog da Ilumeo já mostramos como diversas grandes empresas e startups no Brasil utilizam os dados e como isso impulsiona o crescimento delas.
No Nubank, por exemplo, a Ciência de Dados é um dos pilares da empresa desde o início e uma prerrogativa para ela existir, com profissionais da área inseridos em cada equipe para trazer os dados para o centro de cada ação e decisão de negócios.
No QuintoAndar, toda a operação de locação de imóveis é digital e automatizada, permitindo a captação e utilização de dados de ponta a ponta, gerando ganhos enormes em experiência do cliente, otimização logística e análise de crédito e ainda criando novos produtos a partir dos dados que existem na empresa, como a calculadora de aluguel.
A Magalu, gigante do varejo, promoveu uma transformação digital nos últimos anos e surfou a onda das mudanças ocasionadas pela pandemia, crescendo por conta das vendas on-line, em uma operação que conta com mais de 1.000 aplicações de dados, superando os 400 bancos de dados diferentes e com mais de 2.000 usuários de negócios acessando esses dados diariamente.
Ben Dickson analisa que:
“As empresas de sucesso começam abordando um problema negligenciado ou mal resolvido com uma estratégia de produto sólida. Isso lhes dá a penetração de mercado mínima necessária para estabelecer seu modelo de negócios e coletar dados para obter insights, direcionar seu produto na direção certa e treinar modelos de aprendizado de máquina. Finalmente, eles usam a IA como um fator de diferenciação para solidificar sua posição e manter a vantagem sobre os concorrentes. Por mais avançados que sejam, os algoritmos de IA por si só não fazem uma startup de sucesso sem uma estratégia de negócios”.
Enquanto startups como Lemonade, Nubank e QuintoAndar utilizam dados e Inteligência Artificial para alavancarem o potencial do seu modelo de negócios desde o dia 0, a Magalu é uma empresa tradicional que promoveu a revolução dos dados somente nos últimos anos. Em todos os casos, os ganhos são exponenciais.
É claro que existem particularidades em cada caso e muitos caminhos distintos, mas o ponto para chamar a atenção aqui é de que uma empresa – seja grande, pequena ou uma startup – só tem a ganhar ao incorporar dados e tecnologia em seus processos. Seja para vender seguros, eletrodomésticos e móveis, para alugar imóveis ou operar serviços financeiros, o uso correto do Big Data pode impulsionar o caminho para o sucesso.