Como a Magazine Luiza se tornou data-driven e virou a chave da transformação digital para se tornar uma gigante do varejo no Brasil.
Uma das empresas que mais chamou a atenção no Brasil pelo crescimento nos últimos anos foi a Magazine Luiza. Com a pandemia, o e-commerce cresceu 148% e representou 66% das vendas totais no 3º trimestre de 2020. São mais de 1.100 lojas físicas no país, mais de 20 milhões de clientes ativos mensalmente no aplicativo. Ao total são R$ 12,4 BI em vendas e um lucro líquido de R$ 216 milhões. Os resultados estão diretamente relacionados ao processo de transformação digital iniciado pela empresa há cerca de nove anos.
Em algumas palestras disponíveis na Internet, o Diretor de Tecnologia da Magalu, Daniel Cassiano, destaca que esse processo, sobretudo, foi feito com foco em pessoas e dados. Em 2011, eram dois responsáveis de forma direta pela Inovação em toda a companhia e, em 2019, chegou a 40 profissionais, com a missão de escalar a inovação e metodologias ágeis para todas as áreas.
“A nossa missão é democratizar o acesso aos dados dentro da empresa, para resolver problemas de negócio com inteligência e dados”, declarou Daniel, durante uma Live. E isso passou por mudar processos cristalizados de décadas atrás e, como todos que passam pelo processo de transformação digital e criação de uma cultura data-driven, a iniciativa é disruptiva e o trabalho é enorme.
Para se ter uma ideia , a estrutura de dados do Magazine Luiza contava com:
+ de 1.000 aplicações
+ de 400 bancos de dados diferentes
Multi-cloud: Google Cloud, AWS, Azure, On-premises
Múltiplos sabores tecnológicos sem integração direta
+ 2.000 usuários de negócios manipulando os dados
Assim era o Ecossistema de Dados antes da Transformação Digital:
Assim ficou o Ecossistema de Dados depois da Transformação Digital:
A virada de chave foi bem grande. Agora, todas as aplicações de Dados são centralizadas em um Data Lake, com a presença de camadas de Machine Learning em escalas. É disponibilizado acesso irrestrito aos dados para mais de 4.000 colaboradores da empresa.
“Mudou a cultura da empresa, antes havia muitas requisições de dados, onde determinada área precisava solicitar acesso. Agora não, o dado é self-service”, comenta Daniel.
Para chegar a este ponto de maturidade de dados, as 40 pessoas do time técnico de Dados estão agrupadas em oito times mais específicos:
As posições principais das equipes são: Analista de Dados, Cientista de Dados, Engenheiro de Dados, Engenheiro de Machine Learning, Desenvolvedor e Especialista em Base de Dados:
Eles executam um fluxo básico de trabalho, que envolve o seguinte passo-a-passo:
As plataformas de dados utilizadas nos processos foram personalizadas em cima de soluções Open Source disponíveis no mercado. A equipe também acabou percebendo algumas premissas ao longo do caminho, como:
Simples é melhor do que complexo
Acessível é melhor que lindo tecnicamente
Acurácia é tudo
Documentação e didática fazem diferença
Governança gera confiança
Além de atuar fortemente na democratização dos dados para toda a empresa, a equipe de dados é diretamente responsável por ações que impactam fortemente o desempenho da Magalu – e também uma parte mais visível e concreta aos olhos dos usuários e clientes. Estamos falando do sistema de recomendação chamado Bob.
Bob foi o precursor da transformação digital da varejista, há quase 10 anos. Se no início Bob fazia recomendações básicas na loja online, como “as pessoas que viram este produto X também viram estes produtos Y e Z”, hoje ele é responsável por um incremento de mais de 280% em vendas no aplicativo do clube de vantagens, com indicadores como margem de lucro e ticket médio superando aumentos de 100% em relação aos sistemas anteriores. São cerca de 40 algoritmos trabalhando em conjunto, personalizando a experiência do usuário em tempo real, modificando as vitrines de produtos e fazendo sugestões de acordo com as preferências de compra, interesse e comportamento.
Bob também é utilizado para recomendar produtos via Push no app e via e-mail marketing, mas ele já extrapola o digital, se tornando um motor de recomendação multi canal, interagindo com os vendedores na loja física, com indicações de produtos para serem oferecidos a clientes de acordo com seus dados das últimas compras.
Outro projeto de forte impacto que a equipe de dados se envolveu foi a precificação dos produtos no digital. Hoje, segundo Daniel, 95% das ofertas do e-commerce são precificados de forma dinâmica por algoritmos pilotados via Inteligência Artificial.
“Agora, não são apenas meia-dúzia de variáveis que definem o preço, é uma variedade gigantesca. É possível pensar em qual KPI eu quero mexer, como a margem de lucro, por exemplo, baseado no que tenho acesso de tecnologia e dados hoje”, explica.
Fica a Dica: A área de tecnologia da Magalu, chamado Luiza Labs, possui um blog no Medium com conteúdos específicos da área.