Por que seu esforço na alfabetização de dados não está funcionando?

 


Implantar Data Literacy é essencial para empresas que buscam se tornar data-driven. Mas o processo de alfabetização em dados pode dar errado se não for feito com direcionamento e regularidade.

 

Com os dados se tornando cada vez mais importantes nas organizações, as habilidades de alfabetização de dados, ou Data Literacy, se tornaram essenciais para o sucesso de qualquer negócio. Afinal, usuários de negócios têm acesso a mais dados do que nunca, mas se não conseguirem entendê-los e interpretá-los, não conseguirão explorar todo o potencial destas informações, tampouco utilizá-las para gerar valor comercial. 

Portanto, temos um problema a ser resolvido: como fazer para que os colaboradores das empresas façam o melhor uso dos dados disponíveis?

Neste artigo, falaremos sobre Data Literacy, e por que é possível que seu treinamento em alfabetização de dados não esteja funcionando — e, claro, o que fazer para resolver este problema. Então, confira a seguir!

O que é Data Literacy?

Começando do princípio, precisamos entender um pouco melhor do que se trata a Alfabetização de Dados, ou Data Literacy, e por que esta é uma estratégia importante para as organizações. 

A consultoria Gartner define a alfabetização de dados como a capacidade de ler, escrever e comunicar dados em contexto, incluindo uma compreensão das fontes e construções destes dados, bem como de métodos e técnicas analíticas aplicadas. Por fim, Data Literacy também inclui a capacidade de descrever o caso de uso, sua aplicação e seu valor resultante.

 

Já faz algum tempo que essa é uma das habilidades mais importantes para as organizações, especialmente aquelas que possuem e trabalham com um grande volume de dados.

Não é surpresa, então, que grandes empresas estão voltando suas atenções para se tornar o mais competente possível com dados. A tendência é não apenas melhorar a alfabetização de dados, mas em muitos casos estabelecer uma cultura de dados dentro da organização. O AirBnb é um destes exemplos. Falaremos sobre ele adiante.

Neste momento, é importante entendermos a importância de uma boa alfabetização de dados no seu negócio. De acordo com a IDC, fornecedora global de inteligência de mercado, a expectativa é que haja um aumento de dez vezes no volume de dados mundial até 2025. Portanto, cada vez mais, as organizações orientadas por dados devem contar com funcionários capacitados e com extenso conhecimento, auxiliando suas empresas a aprimorarem sua vantagem competitiva em uma economia global agressiva.

Com isso, esta estratégia pode, ao mesmo tempo, transformar o seu modelo de negócio, e fidelizar os talentos de sua equipe, por conta de seu investimento no desenvolvimento profissional destes colaboradores. 

Por que seus treinamentos em Data Literacy estão dando errado?

Uma pesquisa realizada pela QlikTech, plataforma de análise de negócios utilizada mundialmente, foi verificado que, apesar de 92% dos tomadores de decisão de negócios entenderam a importância da alfabetização em dados, apenas 17% relatam que suas empresas investem significativamente neste setor e incentivam funcionários a se tornarem mais confiantes com dados. 

Em outro estudo, realizado pela Count e divulgado pela Towards Data Science, pesquisadores questionaram diferentes empresas durante 2 anos sobre como estas tornam seus dados mais acessíveis. Como resultado, descobriu-se que a maioria dos programas de treinamento de dados, ou Data Literacy, tem uma estrutura similar:

  • Um treinamento intensivo, de 1 a 2 semanas;

  • Abrange ferramentas específicas, como SQL, Excel ou Python;

  • Utiliza dados de demonstração da empresa.

A ideia destes treinamentos era que as pessoas pudessem consultar suas próprias fontes de dados, e obter as informações de que precisam no momento. Infelizmente, os resultados reais, dentro de alguns meses, foram estes:

 

  • Os participantes esqueceram dos treinamentos, uma vez que não o colocaram em prática;

  • A estrutura de dados mudou significativamente, ou tornou-se inacessível para a maioria das partes do negócio;

  • A ferramenta que foi originalmente ensinada acabou sendo substituída por outra.

 

Ou seja, mesmo com um certo esforço por parte das empresas, a maioria dos participantes seguiu no mesmo patamar em que se encontravam meses antes. Alguns deles, até se tornaram mais céticos quanto à relevância da Alfabetização de Dados para o seu desenvolvimento no trabalho.

 

O que fazer para resolver o problema?

A boa notícia é que existem algumas coisas que a sua empresa pode fazer para não seguir por este mesmo caminho. A Count, mesma empresa que fez a pesquisa com 2 mil diferentes empresas, decidiu realizar suas próprias sessões de treinamento de dados, e compartilha algumas dicas de como ter sucesso em um treinamento de Data Literacy em sua empresa. Confira:

 

1. Defina o tom certo

 

O primeiro ponto é definir a linguagem e o tom de voz a ser utilizado. Em vez de dizer “deixe-me te ensinar…”, tente dizer “como posso te ajudar?”. Pode parecer algo pequeno, mas a diferença de aceitação é significativa. 

 

Afinal, muitas vezes a iniciativa de Alfabetização de Dados representa, para os colaboradores, que algo está errado em seu trabalho. Basicamente, você está afirmando que se eles possuíssem mais conhecimento sobre dados, isso não seria um problema. Isso não inspira ninguém e não levará sua empresa para frente.

 

Contudo, a maioria das pessoas em sua empresa deve concordar em aprender mais sobre dados e sentirá que este é um passo importante em suas carreiras. Assim, ao invés de se concentrar no lado negativo, esta será uma oportunidade de aprender ainda mais sobre dados.

 

De repente, o tom da sessão muda de “você tem que aprender isso” para “vamos ver o que podemos fazer juntos”. É uma mudança simples, mas poderosa, e pode fazer com que sua equipe realmente esteja interessada e se envolva durante todo o treinamento.

 

2. Trace seus objetivos

 

O próximo passo é definir as metas que pretende atingir. Em vez de executar uma sessão de treinamento sobre como escrever SQL, por exemplo, execute uma sobre como fazer perguntas orientadas a dados.

 

Se você se concentrar no que realmente importa, poderá engajar mais seus colaboradores, e fazer mudanças significativas em seus processos. É claro: cada empresa terá iniciativas próprias, mas uma coisa que todas as organizações podem fazer é aprender a fazer boas perguntas.

 

Assim, em vez de perguntas como “você pode me enviar os dados de vendas do mês passado?”, que tal uma questão mais acionável e direcionada, como “gostaria de saber se nossa nova campanha de mídia social atingiu nossa meta de aumento anual”.


Fonte: Count

A primeira solicitação é vaga e não possui significado. A segunda é específica e demonstra que você sabe exatamente do que precisa. E o mais importante: seu analista de dados pode agregar valor à segunda pergunta ao recomendar considerações a serem feitas com os dados, ou até mesmo auxiliar na análise.

 

3. Devagar e sempre

 

Muitas vezes, sessões semanais de aprendizado são muito mais produtivas do que um intensivo de 2 semanas. Uma grande carga de informação ao mesmo tempo pode não ser absorvida como deveria, apesar de esta parecer uma opção mais atraente. Afinal, é feita em um determinado tempo, com um investimento X, e entrega resultados tangíveis em pouco tempo. Mas estes resultados nem sempre são duradouros, como vimos anteriormente. A longo prazo, os efeitos destes treinamentos são reduzidos, a menos que existam mudanças culturais constantes.

 

A ideia com a escolha de sessões semanais e regulares não é apenas tornar sua equipe mais competente em dados, mas também tornar sua empresa mais competente em dados. É uma questão de cultura organizacional. Isso significa que quanto mais tempo as equipes de dados e as equipes de negócios trabalharem juntas, melhor.

Alfabetização de Dados e a estratégia do Airbnb 


Fonte: Jamie Stober/Airbnb

Por fim, como prometido, vamos falar sobre o case do Airbnb, que está impulsionando sua Alfabetização de Dados a partir do treinamento ‘Data U Intensive’. A Data University é um programa dinâmico de educação de dados do Airbnb, com a visão de capacitar todos os funcionários a tomar decisões melhores orientadas a dados.

Atualmente, a empresa oferece três níveis de cursos, desde a série de 100 níveis, que ensina a base para a tomada de decisões informada por dados, até a série de 300 níveis, que abrange dados em escala. Desde sua criação, a Universidade já realizou mais de 400 cursos, impactando mais de 4.000 profissionais internos.

E os benefícios para o negócio foram impressionantes. Com mais pessoas fluentes na geração, uso e aplicação de dados, as equipes se tornaram capazes de tomar decisões melhores. Além disso, após o treinamento, os funcionários dessas equipes construíram seus próprios painéis e desenvolveram soluções localizadas como o uso de dados.

Os participantes do programa também sentiram-se capacitados para explorar os dados por conta própria e usar ferramentas de dados para começar a medir seu trabalho, o que aumentou seu impacto e escala. Por fim, cientistas de dados observaram uma redução de 50% nas solicitações ad hoc quando as equipes que eles apoiam passaram pelo Data U Intensive. 

Afinal, quando os parceiros de negócios podem responder suas próprias perguntas usando consultas e painéis SQL básicos, isso economiza um tempo significativo para os cientistas de dados trabalharem em projetos de maior impacto, cruciais para a estratégia e direção de suas equipes.

Conclusão

Em resumo: tornar os dados mais acessíveis em sua empresa tem um potencial incrível para transformar seus negócios. O treinamento pode exigir tempo e investimento, mas certamente trará resultados de longo prazo e duradouros.

 

Antes de começar a projetar um programa, considere os objetivos de sua empresa e de seus participantes, e encontre a melhor maneira de atingi-los. Depois, desafie você mesmo e seus colaboradores a atingir estas metas e regularmente seguir aplicando os ensinamentos de Data Literacy, não apenas visando resultados nos negócios, mas também o enraizamento de uma cultura de dados por toda a empresa.