Compor, masterizar, divulgar… A indústria da música tem se transformado com a utilização da Inteligência Artificial.
Quando você pensa em Inteligência Artificial, o que vem à sua mente? É normal que associemos essa tecnologia aos carros autônomos, robôs e coisas do gênero. Entretanto, ela está presente em diversos aspectos do nosso dia a dia, inclusive na música.
A IA está tão enraizada em nosso cotidiano que a utilizamos sem sequer pensar. Plataformas de streaming, como Spotify, possuem algoritmos de machine learning que nos recomendam diferentes artistas ou playlists, por exemplo.
Mas a utilização da Inteligência Artificial na indústria musical vai muito além disso. Nesse artigo você vai descobrir as soluções de maior destaque e como a IA tem otimizado processos e tornado o mercado mais rentável. Vamos lá!
Transformando som em informação
Não são apenas as plataformas de streaming que utilizam a IA para melhorar seus resultados. Em entrevista ao podcast do MIT, “Me, Myself, and AI”, o vice-presidente sênior de ciência de dados da Warner Music Group, Kobi Abayomi, cita que a IA tem auxiliado a gravadora no entendimento de padrões do público e o sucesso de algumas músicas.
Levando em conta que as pessoas têm algumas atitudes previsíveis, é possível utilizar a ciência de dados para analisar o padrão de consumo musical e entender melhor a “fórmula” de um sucesso. Ele explica que é possível observar o tipo de música que as pessoas ouvem enquanto passam por determinadas experiências de suas vidas, e que os ouvintes preferem aquelas que remetem aos momentos bons:
“À medida que o mercado total de ouvintes digitais aumenta, você vê uma inclinação em direção a certos tipos de catálogos musicais. Você pega uma população e dá a eles a oportunidade de ouvir todo tipo de coisa. Acontece que eles querem ouvir as coisas que associam a bons sentimentos e bons momentos em suas vidas. Então o que queremos fazer é realmente entender essa interação entre as afinidades de uma pessoa por certos tipos de sons e experiências, e fazer a curadoria disso”, declarou Kobi Abayomi na entrevista.
Em suma, isso demonstra como a ciência de dados e as soluções baseadas em IA são úteis para analisar as tendências de mercado e indicar a uma gravadora quais são as melhores produções para se investir. Mais do que ajudar a entreter no mercado musical, a IA impacta diretamente no business e no sucesso dos lançamentos desses novos produtos musicais.
Artistas independentes
Mas não são só os grandes players da indústria musical que utilizam a Inteligência Artificial ao seu favor. Artistas independentes, ainda sem gravadora, também podem se beneficiar.
Ao disponibilizar as suas criações em plataformas de streaming, esses músicos se mostram para o mercado em um grande portfólio aberto. Assim, o setor de A&R (Artists and Repertoire) das gravadoras, responsável por encontrar novos artistas, pode identificar dados sociais e de streaming de cada um, e as chances de reconhecimento aumentam.
Análises avançadas, como machine learning e modelagem preditiva, ajudam na descoberta de talentos. Grandes gravadoras, como a Warner Music, extraem milhares de faixas de sites de streaming como Soundcloud e Spotify. Eles fazem o mesmo com blogs de música, dados de turnês e redes sociais. Com a tecnologia da IA e os algoritmos, essas empresas revisam toda a web e encontram mais facilmente novos talentos.
Outro benefício produzido pela Inteligência Artificial diz respeito aos royalties. Com sistemas de IA, é possível prevenir que artistas percam renda com a distribuição de suas canções. Exemplo disso é o YouTube, que utiliza a IA para sinalizar conteúdo protegido por direitos autorais. Assim, garante que ninguém se beneficie por meios ilegais. A mesma plataforma também automatiza a monetização de anúncios para maior eficiência.
Além disso, com ferramentas de IA, os artistas podem melhorar o fluxo de um álbum sem pagar por engenheiros de masterização. Atualmente, é mais fácil do que nunca para os músicos escreverem harmonias e publicá-las em plataformas de streaming.
Criação e masterização
Processos que estão intrinsecamente atrelados à criatividade, também podem ser beneficiados com a utilização da Inteligência Artificial. Primeiramente, falemos sobre a composição de músicas.
A IA pode analisar dados em diferentes produções, revelar padrões e características que dão origem à boa música. Os artistas também podem combinar distintos elementos para criar composições diferenciadas. Essas soluções podem ser encontradas em plataformas já disponíveis no mercado, como:
Magenta Studio: uma IA composta por diversos plugins musicais de código aberto. Utiliza técnicas de machine learning para a geração de músicas.
Flow Machines: é uma IA criada por pesquisadores da Sony. É reconhecida por criar uma música ao estilo dos Beatles, chamada de “Daddy’s Car”. A composição contou com a participação do compositor francês Benoit Carré, e já tem quase 3 milhões de plays no Youtube.
Amper Music: esse é um exemplo de como a IA não substitui a criação humana, apenas a complementa. Nela, o músico seleciona o gênero e a duração da canção e a plataforma cria uma música. O compositor precisa então, fazer ajustes e edições, como adicionar ou remover instrumentos de acordo com sua criatividade. Em 2017, uma artista chamada Taryn Southern lançou um álbum criado quase que inteiramente na Amper, e foi bem recebido pela crítica.
Jukebox: desenvolvido pela OpenAI, a plataforma utiliza a Inteligência Artificial para reconstruir músicas de forma moderna e eficiente. Com informações como gênero, artista e letra, a IA produz novas canções a partir da amostra coletada.
Além de auxiliar na composição das canções, a Inteligência Artificial também se mostra fundamental para a masterização das músicas. A tecnologia ajuda a reduzir custos e o tempo para masterizar uma composição, que pode ser feita em poucos minutos!
E não é preciso ser um especialista em tecnologia para utilizar as soluções de masterização feitas por IA. Atualmente, existem plataformas on-line como LANDR e ferramentas em streamings, como SoundCloud, que são fáceis de usar, mesmo por quem é mais leigo.
Qual o futuro da música com a utilização de IA?
Atualmente, estamos em um ponto em que a música está se tornando fortemente influenciada pela tecnologia automatizada. Existem muitas partes da cadeia de criação de música em que a IA pode entrar e ter um grande impacto.
Isso pode levar a uma demanda muito menor de certos serviços profissionais, como mixagem e masterização para produtores musicais. Em contraponto, pode ajudar a automatizar certas partes da produção musical que se constituem como uma barreira para as pessoas começarem a fazer música. Com isso, torna a criação musical muito mais acessível para as pessoas, da mesma forma que os plugins de música atuais tornaram mais fácil e econômico entrar no mundo das canções.
Por fim, é fácil perceber que o universo dos dados já está fazendo mudanças significativas na indústria. Os ouvintes recebem recomendações de música com base no comportamento de escuta anterior. Os profissionais de grandes gravadoras têm acesso a insights obtidos a partir de dados, que ajudam na segmentação e personalização do conteúdo.
E não para por aí! A descoberta de talentos, o pagamento de direitos de uso e diversos outros processos são mais fáceis com ferramentas baseadas em Inteligência Artificial. Além disso, proporciona maior eficiência, economia de tempo e menores custos a quem se aventura no meio musical.