Quando a empresa deve desenvolver um software próprio?

 


As vantagens e desvantagens entre desenvolver um software próprio personalizado ou adquirir uma solução pronta no mercado.

 

Fazer uso de um software próprio para inovar ou criar operações mais eficientes dentro do seu mercado pode ser um forte impulsionador de crescimento. Contudo, a decisão de comprar ou desenvolver é fundamental nessa estratégia. Afinal, se comprar o software simplesmente não for possível, desenvolvê-lo pode fazer sentido.

Mas esse é um caminho difícil e complexo, que só vale a pena se a conta fechar. Portanto, nesse texto, nossa intenção é entender quando vale a pena desenvolver um software próprio, e quando a melhor saída é contratar uma plataforma de mercado.

 

O primeiro ponto a se observar é que, para empresas pequenas, o caminho mais fácil, geralmente, é contratar um software de mercado. Com isso, a opção de desenvolver passa a ser viável para empresas de médio a grande porte. Contudo, em todos os casos, podem existir vantagens e desvantagens em cada uma dessas escolhas. E é isso que você deve considerar antes de decidir pela melhor solução.

 

Por exemplo, é sabido que atualizações de software são sempre caras, e frequentemente causam interrupções. Sem falar que às vezes falham completamente, ou não cumprem sua promessa original. Nesse caso, você tem pouco ou nenhum retorno do dinheiro gasto. O problema é que, muitas vezes, simplesmente não há software disponível no mercado para resolver o problema da sua empresa. Então, o que fazer? Desenvolver é o melhor caminho? Afinal, quando criar o próprio código para um software próprio?

 

Quando lançar seu próprio código?

Um bom exemplo disso, contado na revista de negócios HBR: em 2007, a BF&S Manufacturing estava ganhando força no mercado. Ao se posicionar como fabricante contratada de componentes complexos para os setores aeroespacial, militar, médico e industrial, seus clientes começaram a querer supervisionar o trabalho. Mas, como a BF&S tinha sede no México, muitos deles não queriam investir tempo e dinheiro para se deslocar até lá. Portanto, a BF&S precisava ser capaz de portar dados de produção valiosos de seu sistema ERP central para um formato que seus clientes pudessem usar. Como o mercado não oferecia uma solução para esse problema, a saída foi desenvolver um  software que forneceria dados em tempo real, 24 horas por dia, 7 dias por semana, sobre as a produção dos produtos da empresa.

Atualmente, embora o código interno da empresa seja um grande diferencial competitivo, ele oferece a seus clientes aquilo que eles desejam, e que não poderia ser oferecido por meio de outro software.

 

O problema é que rodar seu próprio código não é simples, muito menos barato. Em muitos países, os engenheiros de software estão entre os mais bem pagos profissionais do mercado. E ainda que você tenha recurso, recrutar também não é fácil pela escassez dessa mão de obra qualificada.

 

Outro exemplo é da empresa Corefact, um provedor de serviços de marketing completo para os setores de imóveis e hipotecas. Em 2005, a empresa teve uma ideia: se um corretor de imóveis pudesse enviar um cartão postal a um cliente em potencial com uma URL exclusiva, que levasse o cliente a um site com sua própria casa no centro, isso poderia ser extremamente atraente e uma possível virada de jogo para a marca. Contudo, a Corefact não conseguiu comprar software para fazer isso acontecer e, em 2006, lançou seu próprio, desenvolvido por um único engenheiro.

Atualmente, a equipe de engenharia da empresa cresceu para 10 pessoas, e criou um código personalizado que não é apenas voltado para o cliente, mas também reúne com eficiência milhares de pedidos diários por meio de entrada de pedidos, gráficos e pré-impressão.

 

Esse é um ponto importante: se a funcionalidade do software está no core de atuação da empresa, ele se torna um ativo estratégico. Ainda que o custo de desenvolvimento pareça elevado, faz mais sentido o investimento interno do que buscar uma opção pronta no mercado.

 

Alguns requisitos para desenvolver um software próprio

Ambos os exemplos exigem diferentes quantidades de três competências essenciais para desenvolver um software interno:

 

  • Traduzir e identificar as necessidades de negócios – e suas soluções;

  • Contar com bons profissionais para o desenvolvimento;

  • Ter uma boa operação, ou seja, garantir a integridade do código personalizado e fazer com que seus processos, pessoas e ferramentas sejam mantidos atualizados.

 

Cada uma delas tem sua importância dentro do negócio, para que você saiba exatamente quais dados devem ser usados e também quais lógicas ou processos para produzir uma solução que realmente faça sentido.

 

 

Vantagens de soluções prontas para uso

Como já mencionamos, muitas vezes encontrar uma solução pronta para uso pode ser a opção mais fácil. Eis algumas vantagens dessa alternativa:

 

Custos iniciais

O primeiro ponto é que o custo de construção do software é compartilhado por todos os seus usuários eventuais, ou seja, o investimento inicial costuma ser baixo. Além disso, é possível reduzir ainda mais esse valor por meio de software por assinatura, em vez de programas de compra única.

 

Desenvolvimento rápido

Um software pronto pode ser configurado imediatamente e colocado em ação assim que a configuração for concluída.

 

Variedade de recursos

O número exato de recursos depende do produto, mas geralmente há uma variedade generosa de recursos incluídos em softwares prontos. Assim, sua empresa pode fazer uso disso para experimentar mudanças em sua estratégia.

 

Suporte ao usuário e manutenção

Essas soluções possuem um suporte técnico de alto nível que, na maioria dos casos, continua por um longo tempo após o produto parar de ser vendido. Portanto, não há necessidade de comprar versões mais recentes se o original ainda funcionar.

 

Treinamento

A equipe pode já estar familiarizada com o software, tendo-o utilizado em outras posições ou empresas.

 

Interoperabilidade

Softwares populares podem oferecer links integrados para outro software no mesmo campo. Isso é especialmente relevante para facilitar análises e software de CRM. O Microsoft Power BI é um bom exemplo disso.

 

 

Vantagens de construir soluções personalizadas

 Certo, e quanto às vantagens de construir suas próprias soluções em software? Nesse caso, listamos alguns pontos bem importantes:

 

Maior personalização

O software personalizado é feito sob medida para atender às necessidades exatas de sua empresa. Assim, ele faz o que é preciso, e da maneira que você deseja.

 

Comece pequeno e em escala

Sabemos que a construção de software personalizado leva tempo. Porém, a maioria dos desenvolvedores começa com um produto mínimo viável (MVP), que pode ser colocado em uso rapidamente enquanto os componentes restantes são finalizados. Além disso, esses recursos são desenvolvidos na ordem que você preferir, com flexibilidade para alterações conforme necessário.

Menos problemas de conformidade

Como é sua empresa que irá desenvolver o software, é possível garantir que tudo funcione dentro das normas regulamentares e legais. Isso reduz as possibilidades de violações de segurança e de risco financeiro com as questões legais.

 

Responsivo

Um software personalizado é facilmente modificado para atender às necessidades de negócios em constante mudança. Assim, ele é altamente responsivo a novas tendências, podendo ser escalável à medida que a demanda pelo software aumenta.

 

Mais segurança

Quando um produto é personalizado, a segurança acaba sendo maior. Afinal, não há tantas pessoas que desejam invadir, o que torna menos provável que alguém se esforce para contornar seus protocolos de segurança.

Otimiza os fluxos de trabalho

Por fim, um software personalizado é desenvolvido da maneira como uma empresa opera, e não da maneira que um fornecedor pensa que a empresa opera. Isso facilita na otimização dos seus fluxos de trabalho, e torna mais fácil que tudo funcione da maneira que deveria.

 

 

Mas… o meio-termo que pode ajudar

Antes de tomar uma decisão, saiba que há momentos em que uma solução padrão não se encaixa, mas o software personalizado também não é uma opção. Nesse caso, existe um meio-termo que pode ser interessante. A abordagem, aqui, é encontrar diversos softwares que atendam coletivamente às necessidades da empresa, e tenham conexões personalizadas criadas para unir suas funções. Empresas como o MailChimp e a Salesforce já fazem isso hoje.

 

A vantagem? Você maximiza o efeito das ferramentas, permite mais personalização, e pode ter um custo de aquisição de todo o software desejado ainda menor do que uma solução personalizada.

 

Hora de escolher: dicas valiosas

 

Enfim… depois de considerar tudo o que falamos aqui, chega um ponto em que sua empresa precisa decidir entre construir um software próprio ou adquirir um já existente. É claro que o caminho certo depende de muita coisa, mas como regra geral, o orçamento, a personalização e o tempo de retorno são pontos essenciais a se considerar. Assim, na hora de decidir, existem algumas dicas que podem facilitar o caminho até a resposta final. São elas:

 

  1. Avalie seu problema: determine o que exatamente você precisa do software. Quanto mais complexo ele for, mais aspectos você deve considerar.

  2. Faça uma pesquisa de mercado: não tome nenhuma decisão antes de saber todas as opções disponíveis. Ao fazer isso desde o início, você terá uma ideia melhor do que está escolhendo, e pode decidir a importância das vantagens e desvantagens para sua situação específica.

  3. Compare os custos: determine o custo de uma solução de software personalizada, e o custo de um software externo. Depois, analise qual deles está mais próximo à sua realidade.

  4. Avalie o risco de liquidação: quando você licenciar seu software, plataforma ou infraestrutura como serviço, sempre há uma chance de o provedor falir. Portanto, é preciso decidir se a solução de que você precisa será ou não parte integrante de seus processos de negócios. Se for, pode ser mais seguro desenvolver um próprio.

  5. Analise o risco de integridade de dados: é altamente desaconselhável manter informações pessoais dos clientes, segredos comerciais e outras propriedades intelectuais na nuvem, e um sistema próprio tem uma vantagem clara nesse sentido.

  6. Decida o nível de controle que você precisa: dependendo da plataforma utilizada, você fica à mercê do provedor. Assim, alguns recursos nos quais você confia podem ser removidos, os preços podem ser alterados e assim por diante. Com um software próprio, isso não acontece.

  7. Avalie a necessidade de escalabilidade: por fim, tente determinar se as soluções prontas podem ou não acompanhar o crescimento do seu negócio. Isso será fundamental para o futuro.

 

Concluindo, a realidade é que o desenvolvimento de software personalizado não é a escolha perfeita para todos os casos. Muitas vezes o investimento é considerado alto para sua situação, e alguma solução existente pode dar “conta do recado”. Mas, se existe a possibilidade do investimento, construir um software próprio deve ser uma solução a se considerar. Seu negócio agradece. Se não hoje, em breve.