Inteligência digital e a alfabetização em dados

 


Contar com lideranças de alto nível com conhecimento digital faz toda a diferença para as empresas, mostra pesquisa

 

Não há dúvidas de que o futuro de qualquer empresa é digital. Empresas que lideram a implementação de novas tecnologias com sabedoria já são, hoje, muito mais eficientes e produtivas que seus concorrentes. E a tendência é que essa diferença se torne cada vez mais visível. Por este motivo, torna-se essencial possuir equipes e, principalmente, líderes que possuam inteligência digital suficiente para acompanhar as transformações do mercado. Chamamos esta habilidade de Data Literacy, ou simplesmente alfabetização em dados. É como se aprendêssemos novamente a pensar e nos comunicar, porém tendo como base as novas demandas e novas tecnologias disponíveis atualmente.

 

Contudo, estudos recentes demonstraram que nem todas as empresas contam com líderes com a inteligência digital necessária para este momento. De fato, a maioria delas não possui uma equipe na qual mais da metade de seus executivos possua um conhecimento digital considerado avançado.

 

Por que falar em Inteligência Digital?

Primeiramente, o que é a inteligência digital? Basicamente, trata-se de uma compreensão, desenvolvida por meio da experiência e da educação, do impacto que as tecnologias emergentes terão no sucesso de uma empresa na próxima década. Ou seja, a habilidade de identificar quais são as inovações que guiarão o mercado nos próximos 5, 10 ou 20 anos. E, mais importante do que isso, em quais delas a empresa deve investir para crescer.

Nesse sentido, contar com uma equipe de liderança de alto nível com conhecimento digital faz toda a diferença. Em estudo realizado pelo MIT em março deste ano, em que foram entrevistados funcionários com cargo C-Level de 1.984 empresas ao redor do mundo, apontou-se que apenas 17% desses profissionais possuem inteligência digital. Além disso, embora a esmagadora maioria das equipes principais não seja experiente digitalmente, as poucas equipes nas quais metade ou mais dos membros possuem essa característica tiveram um crescimento de receita 48% maior, avaliações mais altas e margens líquidas 15% maiores do que seus concorrentes.

O mesmo estudo mostrou que 1 a cada 4 CEOs e cerca de 1 a cada 8 CFOs possuíam alfabetização em dados e inteligência digital consideradas altas. No mais, ao contrário do que se esperaria, apenas 47% dos CTOs e 45% dos CIOs destas empresas podiam ser classificados como digitalmente experientes. Isso porque, frequentemente, a atenção desses executivos concentra-se em resolver problemas de TI, e não na busca de estratégias para criar valor de negócios a partir de tecnologias digitais. E isso faz toda a diferença nos resultados e no crescimento de qualquer empresa.

 

A questão da alfabetização em dados (ou a falta dela nas empresas)

 

Certo, já entendemos que a falta de inteligência digital traz grandes impactos para qualquer negócio. Mas como resolver essa demanda? E a resposta é simples: ensinando seus líderes a pensarem e planejarem o futuro a partir de dados e tecnologias.

Hoje, a falta de alfabetização em dados é classificada como o segundo maior obstáculo interno para o sucesso de uma empresa. Ao menos é isso que mostra uma pesquisa recente do Gartner. A expectativa é que, para 2023, a alfabetização em dados já tenha se tornado algo essencial, ou quase obrigatório, para impulsionar o valor de um negócio. Não é algo que possa ser deixado “para depois”.

De forma simples, ser alfabetizado em dados é ter a capacidade de entender, compartilhar conhecimentos e ter conversas significados sobre dados, permitindo que as empresas adotem as tecnologias existentes e emergentes de forma inteligente e assertiva. Ou seja, identificar oportunidades e inovar constantemente – duas habilidades essenciais em um bom líder, mas que nem sempre são encontradas nas empresas.

Na prática, quanto mais inteligência digital o líder apresenta, mais chances de crescimento e rentabilidade no futuro. Ou melhor, mais chances de que esse líder saiba em quais tecnologias investir para que a empresa alcance os resultados que espera.

O problema é que a alfabetização em dados ainda é uma carência do mercado. Em pesquisa realizada pela Accenture, com mais de 9 mil funcionários em diferentes cargos, descobriu-se que apenas 21% deles estavam confiantes em suas habilidades com dados.

Acontece que a demanda por esse conhecimento cresceu rápido, bem mais rápido que sua oferta. Em 2019, o MIT estudou conselhos de administração de 3.228 grandes empresas listadas nos EUA com mais de US$ 1 bilhão em receitas anuais, e descobriu que apenas 24% destes conselhos eram digitalmente experientes. Já em 2020, uma nova pesquisa indicou que apenas 7% das empresas possuíam equipes executivas com experiência digital. Em um mercado altamente competitivo, esses números são reveladores – eles mostram que, apesar de a necessidade de buscar equipes inteligentes digitalmente aumentar a cada dia, nem todas as empresas conseguem acompanhar essa tendência. Ou sequer estão pensando no assunto. E a pergunta de um milhão de dólares é: e agora?

 

Primeiro passo: oferecer treinamentos em Data Literacy

Basicamente, todos os dados apresentados até aqui apontam para um diagnóstico: não há como negar a necessidade de investimento em alfabetização em dados e inteligência digital em empresas, especialmente quando falamos em profissionais com cargos relevantes dentro da estratégia de negócio.

É preciso contar com pessoas que não apenas entendam de Data Science, mas que possuam a inteligência necessária para conhecer as tecnologias atuais, vislumbrar as tendências para o futuro e, com sabedoria, apontar para aquelas que a empresa deve investir. É fato que a maioria dos líderes não “nasce” digital, e sim adquire essa fluência por meio de uma combinação de estudo e prática. E justamente por isso a empresa deve desenvolver este profissional, oferecendo treinamentos em Data Literacy para que ele, por sua vez, também desenvolva suas equipes e leve a organização até o nível de inteligência desejado.

Não há tempo para deixar a alfabetização em dados de lado. Não há tempo para traçar estratégias que não sejam pensadas com base em uma inteligência digital. E certamente não há mais tempo para ficar para trás. O futuro já chegou, e alguns já fazem parte. E você?