Mais do que a otimização de diversas áreas internas de negócios, a ciência de dados pode abrir uma outra porta muito promissora para empresas, criando novas fontes de receita a partir do valor dos dados coletados no dia a dia. É a chamada monetização de dados, feita por empresas que não tem nessa atividade o seu core business.
Os modelos de monetização de dados para uso externo podem incluir conjuntos de dados consumíveis, resultados de análises e aplicativos operacionais. Eles podem vir como relatórios, extensões de produtos já existentes na empresa, plataformas digitais ou podem ser incorporados em novos modelos de negócios.
Um caso que podemos citar é o da Uber. O serviço de compartilhamento de viagens mais popular do mundo conhece a localização de seus usuários via GPS, mas também com base em seus locais de embarque e desembarque. Com a permissão dos usuários, a Uber vende esses dados para outras empresas fornecerem diferentes vouchers, promoções ou descontos. Com o Uber Eats isso fica ainda mais visível. Mensagens personalizadas, com informações sob medida para o cliente específico, sobre o desconto específico – que ajuda ambas as empresas a lucrar com isso.
O cenário atual da monetização de dados
Segundo pesquisa da alemã BI Survey sobre monetização de dados, apenas 7% das empresas estabelecem iniciativas de monetização de dados, enquanto 12% estão construindo protótipos e outras 10% ainda estão desenvolvendo um conceito. Grandes empresas de varejo, serviços, finanças e bancos estão a frente desse processo e, em geral, a monetização de dados está sendo implementada por empresas maiores.
A pesquisa também aponta que fornecer resultados de análises é a forma mais comum de monetizar dados. 40% dos participantes empregam esse tipo de monetização de dados, em que a análise de dados está envolvida. O fornecimento de dados por meio de relatórios e benchmarking é quase tão importante, com 37% dos entrevistados citando esse tipo de monetização de dados. Os métodos menos comuns incluem o estabelecimento de plataformas digitais (22%), ampliação de produtos existentes (17%), fornecimento de novos serviços (16%) e construção de novos modelos de negócios baseados em dados (6%).
Novas fontes de receita são o benefício mais importante dos produtos de dados, relatado por 69% dos entrevistados. Para 66%, a oferta de novos serviços é um benefício e a melhoria da fidelização do cliente é citada por 63% dos participantes.
Dados orientados a produtos
Essa forma de encarar os dados da empresa leva a um mindset de dados orientados a produtos. Segundo Jose Gomez, da desenvolvedora de aplicativos Koombea, um produto é qualquer coisa que pode ser oferecida a um mercado para resolver um problema ou para satisfazer um desejo ou necessidade. Ao contrário de um projeto de escopo fechado, a criação de produtos vai evoluindo de acordo com as necessidades dos clientes.
Porém, Tim Lum, renomada liderança de dados no mundo, entende que muitas equipes de dados operam principalmente com uma mentalidade de projeto, ou seja, como gerenciar e governar seus dados ou como desenvolver modelos a partir deles. Segundo Lum, uma mentalidade centrada no produto é uma mudança de paradigma para a maioria das equipes de dados. Isso faz com que as pessoas deixem de ser orientadas para a tarefa e talvez até mesmo para resultados simples e passem a ser movidas pela perspectiva de geração de valor da sua entrega.
Recuperando o velho chavão de que “dados são o novo petróleo”, a metáfora aplicada a esse contexto ajuda a entender o ponto em que estamos. O petróleo em sua forma mais bruta existia há milênios e não tinha nenhum valor intrínseco até que os usos (produtos) certos fossem descobertos para benefício da humanidade. Com os dados acontece a mesma coisa.
A única maneira de uma empresa realmente monetizar ou criar valor com seus dados é se os seus clientes ou usuários finais se beneficiem dos produtos criados com os dados. Portanto, ter uma visão dos dados centrada no produto é a próxima etapa na criação de uma estratégia que desbloqueie o valor dados beneficiando os usuários finais e as empresas.
