A gigante companhia de carros elétricos e autônomos desenvolve seu próprio hardware, software e a sua própria rede neural de Machine Learning. Na Tesla, a produção de veículos em si é apenas uma parte da equação. Os dados é que estão no centro e tudo.
Recentemente, em 1º de setembro 2020, a Tesla de Elon Musk passou por uma nova rodada de captação de recursos de US$ 5 bilhões, após ter atingido um caixa recorde de US$ 8,6 bilhões ao final de junho com as ações subindo mais de 500% no ano. Considerada uma das empresas mais valiosas do mundo e na vanguarda da tecnologia e inovação mundiais, a gigante norte-americana é reconhecida pela fabricação de carros elétricos e, mais recentemente, pelo desenvolvimento de carros autônomos. No core business da companhia estão os dados, principal motor de arranque das novidades que estão impressionando o planeta.
Em algumas apresentações disponíveis na Internet, Andrej Karpathy, chefe de IA e visão computacional da Tesla, tem divulgado informações que ilustram a forma como Big Data e Inteligência Artificial tem um papel de destaque nas operações.
Ao contrário da maioria das montadoras e empresas de tecnologia de direção autônoma, a Tesla não depende apenas de uma frota de testes internos ou simulações para coletar dados. Cada um dos 600 mil automóveis Tesla no mundo são conectados à nuvem e geram dados. Isso já gerou mais de 60 milhões de milhas de dados, sugerindo 9 milhões de mudanças de pista de forma automatizada, por exemplo.
Cada máquina da Tesla é mais do que um carro, por conceito. São computadores sobre rodas, equipados com oito câmeras externas, 12 sensores ultra-sônicos, uma unidade de medição inercial e GPS. Cada um dos equipamentos tem campos sobrepostos que se auditam mutuamente, obtendo uma compreensão precisa do que está acontecendo no trânsito ao redor, além, é claro, do que acontece internamente como o acionamentos dos pedais de aceleração e freio, troca de marchas, e a condução do volante. Tudo isso é registrado e carregado em um banco de dados, onde é processado pelo FSD, tecnologia proprietária que é um computador de auto-condução com uma CPU de desempenho de rede neural dupla, capaz de processar todas as informações que recebe a uma velocidade de 2,5 gigapixels por segundo.
Entre as imagens capturadas pelas câmeras externas do Tesla estão luzes de farol, placas de trânsito, faixas de pedestre, meio-fio, sinalização na via, linha entre as pistas, objetos estáticos e em movimento, entre outros. Em outras palavras, a frota inteira da Tesla cria um grande banco de dados de Machine Learning, e melhora seus algoritmos em tempo real.
No “Autonomy Day”, evento para investidores, o vice-presidente de engenharia Stuart Bowers exemplificou o poder desse comportamento preditivo:
“Temos a capacidade de detectar um obstáculo na estrada e um pedestre é um obstáculo. Nós podemos realmente olhar para bicicletas e pessoas e nosso sistema de frenagem automática de emergência da próxima geração não vai apenas parar para as pessoas que estão em seu caminho, ele também vai parar para as pessoas que podem ter a intenção de entrar no seu caminho”.
Esses são alguns dos exemplos mais recentes de como a Tesla lida com seus dados. A empresa coloca a coleta e análise de dados no centro de tudo o que faz: design, fabricação, dados do cliente, estradas, satélites, e até de fóruns de discussão. Tudo isso permite gerar novos insights que lhe dão uma tremenda vantagem competitiva pela supremacia do mercado de veículos autônomos e elétricos.
O futuro é Mobilidade as a Service
O futuro para o desenvolvimento da direção autônoma não é somente para que as pessoas comprem um carro, mas sim para que aluguem. É o campo da Mobilidade as a Service – MaaS – conceito que a Uber utiliza hoje com carros tradicionais.
Segundo Tasha Keeny, da ARK, empresa especializada em tecnologias e mercados disruptivos, ainda é mais caro alugar do que comprar. Hoje, ter um carro custa cerca de 70 centavos de dólar por 1,5 km, mais barato do que usar um serviço. Porém, sem a necessidade de um motorista humano, o preço cai para 22 centavos de dólar por 1,5 km – muito menor do que ter um carro.
A Tesla também vai entrar no jogo da MaaS. O Tesla Model 3s, por exemplo, pode ser alugado, mas o consumidor não pode comprá-lo ao final do contrato. A empresa desenvolve seu próprio hardware, software e, talvez o mais importante, a sua própria rede neural. Na Tesla, a produção de veículos em si é apenas uma parte da equação. Os dados é que estão no centro e tudo.