Como consumir conteúdo científico de maneira produtiva?

 


readabook.png

Na Ciência de Dados é importante estar alinhado com a produção científica de ponta, que é muita volumosa. Para ser assertivo nesta busca elencamos algumas dicas a partir dos ensinamentos de um renomado professor de Stanford.

 

A capacidade de entender as informações produzidas pelos pesquisadores na vanguarda da pesquisa no campo da Inteligência Artificial e de Machine Learning é uma habilidade que todo profissional deveria adquirir.

Na Ilumeo, nos baseamos em produções científicas para desenvolver os projetos de Consultoria em Ciência de Dados. A equipe consome constantemente papers internacionais para desenhar o escopo, para estarmos de acordo com as melhores práticas científicas relacionadas ao tema do projeto em questão. Inclusive, é cultura da empresa incentivar que os colaboradores façam pós-graduações, mestrados e doutorados, oferecendo flexibilidade de carga horária e até mesmo recursos financeiros.

Áreas como Inteligência Artificial, Machine Learning e Deep Learning evoluem em ritmo acelerado e temos que nos equipar com o conhecimento de qualidade que só é possível através de trabalhos de pesquisa. Portanto, faz sentido que os profissionais de Ciência de Dados desenvolvam mentalidade e hábitos acadêmicos.

Porém, é fato que a academia ao redor do mundo inteiro tem uma produção muito volumosa, que pode ser bastante difícil de navegar de forma assertiva e produtiva, sem se perder e selecionando aquilo que de melhor foi produzido. Como se achar? Como separar o joio do trigo? Essas são questões fundamentais e nada triviais.

Como pesquisar de forma estruturada

Andrew NG, reconhecido professor de Machine Learning na Universidade de Stanford, nos EUA, e também co-fundador do Deeplearning.ai e do Coursera, destaca em uma de suas palestras como desenvolver uma abordagem sistemática para ler artigos e extrair o melhor deles dependendo da sua intenção.

Em dado momento, ele fornece um conjunto de perguntas a fazer ao se debruçar sobre um conteúdo. Essas perguntas geralmente mostram que o leitor entende as informações críticas apresentadas. As perguntas para entender essas informações vitais podem ser:

  1. O que os autores do artigo pretendiam realizar e que talvez tenham alcançado?

  2. Uma nova abordagem / técnica / método foi levantado nesse artigo? Quais são os principais elementos dessa proposta?

  3. Quais conteúdos específicos do artigo são úteis para você?

  4. Que outras referências você pode buscar?

Mas, sendo mais específico, Andrew utiliza um assunto chamado Pose Estimaton, que é um processo de prever a transformação de um objeto a partir de uma pose de referência definida pelo usuário, dada uma imagem ou uma varredura 3D. E sugere um passo a passo de como pesquisar de forma adequada o assunto.

A primeira etapa é simples: reunir informações sobre o tema. Podem ser artigos, blog posts, vídeos do YouTube, publicações no Medium ou no LinkedIn, trabalhos de pesquisa, entre outros, formando um compilado de fontes úteis.

O passo é seguinte é mergulhar nos recursos relevantes. Para isso, é essencial ter um método para rastrear o entendimento de cada fonte selecionada, como uma tabela que mede nível de entendimento sobre o assunto:


Tabela de recursos de nível de entendimento por Richmond Alake

Tabela de recursos de nível de entendimento por Richmond Alake

Andrew recomenda que pelo menos 10 a 20% do conteúdo de cada fonte seja consumido, garantindo assim a exposição ao conteúdo introdutório suficiente para uma avaliação sobre a relevância do material.

Para os artigos mais relevantes é necessário avançar para um nível mais alto de entendimento. A leitura de 5 a 20 artigos mostrará uma compreensão básica do assunto, talvez compreensão suficiente para avançar na implementação de técnicas.

Já uma leitura entre 50 e 100 artigos é possível considerar uma compreensão muito boa do domínio. Após analisar os recursos e a extração de informações vitais, sua tabela pode parecer algo semelhante ao mostrado abaixo.


pose-2.png

O terceiro passo é uma dica rápida: tomar notas estruturadas que resumem as principais descobertas e técnicas de um artigo, com suas próprias palavras. Exercendo esse raciocínio em cima do conhecimento adquirido, a fixação e a aprendizagem são muito mais forte do que simplesmente destacar trechos ou simplesmente memorizar as palavras. Tentar ensinar isso para alguém, passar o conhecimento adiante, é outra forma de aprender mais.

Como ler um único artigo científico de forma produtiva?

De acordo com Andrew, ler um artigo da primeira palavra até a última em uma sessão pode não ser a melhor maneira de formar um entendimento. Pelo menos não no volume de leitura que temos para fazer hoje em dia. O melhor é ser preparar para revisar um artigo pelo menos três vezes, com três níveis de profundidade distintos, para entender bem seu conteúdo.

Na sua primeira passagem, a sugestão é ler o título, o resumo e ver as imagens ou figuras. Ali você já vai entender o quão relevante pode ser o artigo para você. A segunda passagem pode ser a leitura da introdução e da conclusão, dando outra passagem pelas imagens e um olhar dinâmico e rápido pelo restante do conteúdo. Você vai compreender ainda melhor o conteúdo e já começar a trazer conhecimento mais concreto para si. A terceira passagem do artigo sim pode envolver a leitura de todas as seções, mas pulando quaisquer formulações matemáticas ou técnicas complicadas que possam ser estranhas ao leitor. Também é recomendável pular quaisquer termos e terminologias que sejam desconhecidas.

Querendo utilizar de forma concreta e aplicável o conhecimento do artigo, aí sim temos que ler de maneira mais focada no detalhe dos modelos matemáticos ou estatísticos e se aprofundar em terminologias desconhecidas.